17 de fevereiro de 2014

A Cama para Equinos

Como citado pelos autores do livro Criação do cavalo e de outros eqüinos, publicado em 1983, Torres e Jardim:”...A cama de uma baia é um substrato de material absorvente que se coloca sobre o piso para dar maior conforto ao animal...” Algumas pessoas ainda duvidam da importância de dedicar cuidados ao tipo de superfície à qual o seu animal é submetido nas baias e estábulos. È uma postura inadequada e que pode prejudicar e muito a vida do cavalo. A cama do animal é tão fundamental quanto à sua própria alimentação e exige cuidados diários e atenção redobrada principalmente para cavalos de esportes que passam a maior parte do seu tempo em baias por exemplo. Leia em " Mais Informações" ...


Uma boa cama deve ser macia, seca e plana e com boas propriedades absorventes, evitando o mau cheiro pela decomposição da urina e das fezes. Não deve ser úmida, se não concorrerá para o apodrecimento da ranilha e amolecimento dos cascos. A cama permite também nivelar melhor o chão, de maneira que o animal não se canse nem adquira aprumos viciosos. Uma cama suja ou mal cuidada pode facilitar o aparecimento de doenças e danos aos cascos, além de problemas respiratórios, pela forte presença de amônia, principalmente quando a urina não é bem drenada ou limpa.

Para se ter uma boa cama, independente do material usado, o segredo é a limpeza, conservação e reposição. É preferível que toda a cama seja revirada diariamente, retirando tanto as fezes quanto todos os focos de umidade, mas alguns tratadores se limitam à limpeza superficial, fazendo com que a umidade se espalhe cada vez mais, acabando por exigir a troca de toda a cama em poucos dias.

Em quase toda parte, a consideração econômica, aliada à disponibilidade de material e fatores regionais como clima continuam sendo os fatores mais importantes na escolha do tipo de cama. Há uma quantidade enorme de materiais que podem ser utilizados, de diferentes custos e disponibilidade de material, dependendo da região do criador. A escolha, no entanto, não deve ser baseada na atividade que o animal desenvolve, mas sim nas vantagens para filosofia de trabalho do local, a disponibilidade regional, os custos e a qualidade.

Os materiais mais comuns são: maravalha, pó de serragem, pavimentos sintéticos, preparado de serragem, bagaço de cana, palha de arroz e areia. Leia, a seguir, algumas das características de cada um deles:

Maravalha: são raspas de madeira, muito utilizadas para os cavalos. É o tipo de cama mais comumente encontrado nas hípicas, especialmente no sul e sudeste do país. A velocidade de consumo, e a necessidade de reposição, variam de animal para animal e da forma como o tratador dedica-se a limpeza. Absorvem muito bem a urina sendo de fácil manejo quanto à limpeza. Nem sempre é possível encontrar maravalha à vontade, mas é uma das melhores camas para cavalo.

Pó de serragem: em alguns lugares ou durante algumas épocas do ano, não é possível conseguir serragem em flocos, quando o pó passa a ser uma alternativa. Porém, um cuidado deve ser tomado quanto ao pó de serragem. Embora ele seja até mais macio que a serragem, e igualmente absorvente, ele tem o inconveniente de irritar as vias respiratórias, especialmente em cavalos alérgicos. Ele também costuma ser mais úmido do que a maravalha devido ao processo de obtenção do mesmo. Mesmo assim, na falta de alternativas pode ser utilizado, tomando-se cuidados especiais com o seu manejo (limpeza e troca freqüentes). Cavalos com problemas respiratórios tais como enfisema ou alergias não devem ser colocados em cama de pó de serragem, pois os sintomas podem se agravar. Em constante contato com o pó e por período prolongado alguns cavalos podem vir a desenvolver a ORVA – Obstrução Recorrente das Vias Aéreas.

Palha de arroz: Em algumas regiões, a palha do grão de arroz é disponível em grande quantidade, e praticamente gratuita. As "casquinhas" de arroz formam uma cama muito seca e absorvente e, no entanto recomendasse evitar o uso deste material para cama de eqüinos, especialmente por períodos prolongados. A razão é a elevada abrasividade destas cascas, devido ao seu conteúdo de sílica; ao serem ingeridas pelos animais, elas provocam irritações (lesões) das mucosas de estômago e intestino, que podem levar a gastrites e úlceras.


Bagaço de cana: apresenta os problemas semelhantes àqueles da palha de arroz, e também os motivos de sua utilização residem na sua fácil disponibilidade e em seu baixo custo. Entretanto, este material também é sujeito a causar cólicas, seja pela sua fermentação ou contaminação, seja pela capacidade física de causar impactação cecal. Cavalos que ficam estabulados em bagaço de cana, especialmente se não estiverem habituados ao mesmo, devem receber volumoso à vontade em grandes quantidades, evitando que adquiram apetite pelo bagaço. 

De forma geral deve ser evitado todo e qualquer tipo de cama com possibilidade de ingestão pelos animais, devido aos motivos já comentados e com a possibilidade de contaminação com endoparasitos.


Areia: em diversas partes do país, o uso de areia é muito comum. Ainda que ela possa a primeira vista parecer um material ideal, é necessário atentar para a existência e possibilidade de cólicas de areia no cavalo, que acontecem em terras de solo arenoso, quando o cavalo acaba ingerindo areia ao se alimentar. A areia se deposita, por gravidade, nas partes inferiores do intestino, de onde não é deslocada pelo movimento intestinal comum, podendo causar dores crônicas e absorção intestinal torna se insuficiente. Deve-se ter um cuidado especial com cavalos estabulados em areia, evitando que eles não recebam feno e capim direto do chão (uso de rede ou fenil), e também que não comam ração do chão. Porém é muito difícil que após o termino do alimento o animal não irá procurar alimentos que tenham caído e desta forma, estará ingerindo alguma quantidade de areia, assim recomendasse ao não uso deste tipo de cama.

Borracha: É um tipo moderno de cama. São placas de borracha antiderrapante. Traz um inconveniente, pois não absorve a urina, deixando um cheiro desagradável de uréia no ambiente. Para se utilizar este tipo de cama devemos lavar diariamente a baia. Outro inconveniente é de ser um material macio e confortável para o animal. O custo também para implantação é um pouco alto, fazendo com que se torne inviável dependendo da quantidade de baias do estabelecimento.

Podemos notar que de todas as alternativas a Maravalha ainda é a melhor. Porém é importante se atentar para a madeira utilizada na fabricação deste material. Observa-se que determinadas madeiras produzem desconforto de grau variado, tanto nos animais quanto nas pessoas responsáveis pela sua manutenção. A melhor, no entanto, segundo alguns estudos veterinários, é a Maravalha de Pinus por ser da espécie menos alergênicos. Além de não causar alergias ou problemas respiratórios, há também outras vantagens na sua utilização como o fato de não empretejar rapidamente, ter uma ótima absorção da urina e um odor agradável. 


Autor
Dr. Hélio Itapema-  formado pela Universidade de Alfenas - UNIFENAS e especialização na TIERARZTLICHE KLINIK TELGTE, Alemanha. Para entrar em contato com o autor, ligue para (11) 9528-1710 ou Nextel: 55*102755*1, visite o sitewww.clinicaitapema.com.br ou escreva para o e-mail clinicadeequinos@uol.com.br
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