11 de abril de 2013

Autismo & Equoterapia



A utilização do cavalo no tratamento equoterápico, além da função cinesioterápica, produz importante participação no aspecto psíquico, uma vez que o indivíduo usa o animal para desenvolver e modificar atitudes e comportamentos (GAVARINI, 1997). Este recurso terapêutico pode melhorar as relações sociais de crianças Autistas favorecendo uma melhor percepção do mundo externo e ajuste tônico-postural adequado (FREIRE, 2003). Segundo o DSM-IV, Transtorno Autista ou Autismo Infantil Precoce é um transtorno invasivo do desenvolvimento, definido pela presença de desenvolvimento anormal e/ou comprometido que se manifesta antes da idade de três anos e pelo tipo característico de funcionamento anormal em três áreas: interação social, comunicação e comportamento restrito e repetitivo. Leia o artigo em "Mais Informações" ...


A interação com o cavalo, desde o primeiro contato e cuidados preliminares até a montaria, também desenvolve novas formas de comunicação, socialização, autoconfiança e auto estima.


O objetivo de nosso trabalho é ilustrar o processo de aproximação e percepção com o cavalo, relacionamento com a equipe, superação de medos e confiança. O sujeito da   pesquisa foi uma criança com Transtorno Autista, classificada segundo o DSM-IV, de 3 anos. Para os atendimentos equoterápicos foi utilizado um mini-pônei que têm características que facilitam o trabalho de aproximação. O Local dos atendimentos foi o Instituto São Vicente, onde funciona o PROEQUO-UCDB. Foi realizada uma sessão semanal de Equoterapia durante dois semestres letivos. E os dados colhidos através de observação, registro contínuo e fotos. Na discussão falamos sobre o desenvolvimento das sessões. Nossas conclusões demonstram que o contato com a equipe de atendimento e o cavalo, geram ganhos mesmo quando a montaria propriamente dita não ocorre de forma efetiva. 

Introdução e Objetivos


O Programa de Equoterapia da Universidade Católica Dom Bosco/PROEQUO – UCDB, situado na área de pesquisa avançada da UCDB, Instituto São Vicente, foi criado no ano de1999. A equipe é composta por uma Psicóloga que também é Instrutora de Equitação, um Fisioterapeuta e uma Terapeuta Ocupacional. Visa o tratamento de pessoas portadoras de necessidades especiais e/ou deficiências, e atende as Instituições de Campo Grande como a APAE, Instituto Sul Matogrossense para Cegos Florivaldo Vargas – ISMAC, Sociedade Educacional “Juliano Varela” (Síndrome de Down), além de pacientes da Clínica Escola UCDB. Oferece ainda oportunidade de estágio voluntário promovendo o ensino, pesquisa e extensão aos acadêmicos dos cursos de Psicologia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, Zootecnia e Veterinária da mesma Universidade.

As terapias utilizando animais promovem benefícios relacionados ao bem estar físico e emocional, muitos estudos mostram os ganhos da interação entre homens e animais. De maneira geral classificamos de duas formas esta relação: promovendo a saúde humana e como terapia específica (FINE, 2000). 


No âmbito da psicologia e da reabilitação, percebe-se que na relação entre “pessoa- animal” existe uma troca que gera ganhos psíquicos e físicos. Sendo assim, a Equitação não é considerada simplesmente como esporte ou lazer, pois é possível usufruir muito mais do que aquilo que um simples exercício físico oferece.

Ao analisar aspectos desta relação, verificamos a inexistência de preconceitos, pois o animal na demonstração de afetos, não leva em conta o prejuízo na aparência física da criança ou adulto. 

Também o cavalo, por ser um ser vivo, tem suas próprias reações e requer compreensão, atenção e afeto de quem o monta. Assim, a estimulação que o animal proporciona pode ser aumentada através de um trabalho complementar com exercícios e propostas que levem a pessoa buscar, soluções criativas para seu crescimento e desenvolvimento biopsiocosocial.


Além disso, os aspectos sociais, orgânicos e afetivos, são trabalhados juntamente com a fisioterapia propriamente dita, cumprindo desta maneira os objetivos de reabilitação global.

"As terapias utilizando cavalo podem ser consideradas como um conjunto de técnicas reeducativas que agem para superar danos sensoriais, motores, cognitivos e comportamentais, através de uma atividade lúdico-desportiva, que tem como meio o cavalo” (CONGRESSO NACIONAL DE EQUOTERAPIA, 1999).


Ainda de acordo com a autora, a Equoterapia favorece a reintegração social, que é estimulada pelo contato do indivíduo com outros pacientes, com a equipe e com o animal,   aproximando-o desta maneira, cada vez mais, da sociedade na qual convive.

A utilização do cavalo para o tratamento, além de sua função cinesioterápica, produz importante participação no aspecto psíquico, uma vez que o indivíduo usa o animal para desenvolver e modificar atitudes e comportamentos. No âmbito da Psicomotricidade
observamos a aprendizagem de movimentos rítmicos, aquisição de equilíbrio, desinibição e segurança motora; autoconsciência motora corpórea favorecida pelo enérgico contato físico
com o animal (GAVARINI, 1997; CONGRESSO NACIONAL DE EQUOTERAPIA, 1999).

Segundo (CONGRESSO NACIONAL DE EQUOTERAPIA, 1999)os efeitos visados são de quatro ordens: Relação, onde a valorização plena do indivíduo a cavalo, a comunicação, autoconfiança, autocontrole, vigilância da relação, atenção e tempo de atenção;


Psicomotricidade, pode melhorar o tônus, mobilizar as articulações da coluna e bacia, facilitar o equilíbrio e postura do tronco ereto, favorecer a obtenção da lateralidade, melhorar a percepção do esquema corporal, permitir melhor conhecimento de posições de  seu corpo e do corpo do cavalo; Natureza técnica (o cavalo), favorece aprendizagens referentes aos cuidados com ele: estábulos, alimentação, curativos, selar e colocar as rédeas e, sobretudo, as técnicas de equitação e; Integração na sociedade, contato com o
animal, pessoal do centro eqüestre, outros membros do grupo, outros cavaleiros, e quando possível, durante os circuitos percorridos, com os habitantes da vizinhança.

Segundo o DSM-IV e a CID-10, Transtorno Autista ou Autismo Infantil Precoce é um transtorno invasivo do desenvolvimento definido pela presença de desenvolvimento anormal e/ou comprometido que se manifesta antes da idade de três anos e pelo tipo característico de funcionamento anormal em todas as três áreas: interação social, comunicação e comportamento restrito e repetitivo. Sua prevalência é de 4 a 5:10.000, com predomínio em indivíduos do sexo masculino (3:1 ou 4:1), sendo decorrente de uma vasta gama de condições pré, peri e pós-natal.


Autismo Infantil é uma síndrome caracterizada por alterações presentes desde idades bastante precoces e que se manifesta, sempre, por desvios nas áreas da relação interpessoal, linguagem/comunicação e comportamento.

O desenvolvimento da motricidade dos Autistas no Recurso Equoterápico é altamente significativo e pode repercutir de forma imediata nos hábitos de independência, sugerindo a necessidade de um trabalho intensivo como forma de atingir também os aspectos afetivos, sociais e cognitivos, por este motivo deve-se encorajar o praticante a obter independência sobre o cavalo (FREIRE, 2004).
Este recurso terapêutico pode melhorar as relações sociais de crianças Autistas favorecendo uma melhor percepção do mundo externo e adequações nos ajustes tônico-posturais, torna-se então necessário a apresentação de níveis realísticos, para que a satisfação e a autoconfiança sejam obtidos, sendo assim, paciência e tato serão necessários para auxiliar um autista a eliminar medos, maneirismos e aprender a montar (FREIRE, 2003).

As fases da Equoterapia no trabalho com autistas são importantes para a aceitação do contato com os animais por parte dos pacientes, estes são citados por Freire (1999) a seguir: Fase da aproximação, onde a pessoa conhece o animal e suas características (temperatura, movimentos, textura da pelagem, entre outros), esta propicia a oportunidade de comparações e estimula a curiosidade; a fase da descoberta engloba duas etapas, sendo a primeira no solo feita de forma lúdica estimulando o contato efetivo com o cavalo e a segunda em montaria parada para adaptação e percepção das possibilidades da relação com o animal; a fase educativa que diz respeito a sessão equoterápica e fase da ruptura, importante para continuidade do trabalho pois é preciso o entendimento por parte da criança que o término da sessão não significa que ela não terá a possibilidade de retorno.

A autora relata a importância de ressaltar que as crianças poderão ter dificuldades em aprender através de instruções verbais sendo necessária uma paciente repetição e orientação corpórea. O terapeuta deve tornar a aula movimentada e interessante para impedir que os cavaleiros queiram abandonar a atividade (todo tipo de estimulação inclusive lançar mão de recursos materiais) (FREIRE, 2004).


Muitas vezes, as crianças manifestam pequeno ou nenhum interesse por outros cavaleiros ou instrutores, entretanto à medida que progridem eles provavelmente se afeiçoam a um cavalo ou a uma pessoa. É essencial estabelecer limites, direções claras e curtas, tentando manter contato visual (olho no olho), além de elogiar quando estiver certo (FREIRE, 2004).

Freire (1999) ao desenvolver um instrumento de avaliação em Equoterapia embasado no DSM IV, a tabela ECCA (1999), cita os pontos importantes a serem observados no trabalho com autistas:

1) Percepção do Outro: Focalizar atenção em um membro da equipe (visual ou auditiva), alerta da existência ou sentimentos dos outros; 
2)Imitação: Imitação dos gestos propostos pela equipe; 
3)Jogo Social: Reciprocidade social ou emocional. Relacionar-se com os membros da equipe; 
4) Amizade com seus pares: Relacionar-se ou procurar outro paciente, ou seja, relacionamento apropriado com seus pares em nível de desenvolvimento; 
5) Balbucio Comunicativo: Balbucio com intenção de relacionamento social; 
6) Mímica: Mudança de expressão facial;
7) Linguagem Falada: Palavras inteligíveis; 
8) Sorriso como Resposta: Sorriso que denota algum sentido; 
9) Postura corporal ou gestos para iniciar ou modular a interação: Vontade objetiva demonstrada, tentativa de compensar a linguagem falada com modos alternativos, tais como
gestos ou mímica; 

10) Estereotipias: Maneirismos motores esterotipados e repetitivos, por
exemplo agitar ou torcer as mãos ou dedos ou movimentos complexos de todo corpo;

11) Vinculação com objetos inusitados: Estar sempre necessitando de algum objeto diferente
para manipular na hora de sessão; 

12) Percepção em relação ao mundo externo: Observação de objetos e situações que diferem do cavalo e equipe que acompanha o paciente; 
13) Ajuste tônico postural: Ajuste da postura a cavalo; 
14) Reação de evitação ao cavalo: Não querer aproximar-se do cavalo; 
15) Estado de excitação: Agitação excessiva durante a sessão;
16) Aversão ao contato físico: Não admitir o toque ou afago dos membros da equipe; 
17) Obedecer ordens simples: Fazer o que é proposto durante a sessão; 
18) Percepção, exploração e relacionamento com animal: Perceber o cavalo; 
19) Iniciativa própria: Mostrar intenção e desejo por algo; 
20) Dispersão: Desligar-se do ambiente, equipe e animal durante a sessão.

É importante a aceitação do contato com os membros da equipe, inclusive o contato corporal. O recurso equoterápico pode auxiliar na melhora das relações sociais das crianças autistas.

O desenvolvimento afetivo é importante para cognição e aprendizagem, além disso, existe uma relação entre áreas motoras e o desenvolvimento emocional e afetivo, o que reforça a importância de trabalhos e propostas que beneficiem o desenvolvimento da motricidade, favorecendo uma melhor percepção do mundo externo, no ajuste tônico-postural.

Segundo Roberts (2002) existem semelhanças entre o comportamento autista e atitudes do cavalo. Para ambos, ruídos mais altos, mudanças na rotina e ambientes desconhecidos causam insegurança e grande parte da comunicação que estabelecem depende da linguagem corporal. Toleram uma quantidade restrita de contato corporal, sendo que este nunca ocorre através de imposição. Segundo o autor a capacidade instintiva do cavalo de perceber as intenções do cavaleiro leva o animal a acalmar-se quando montado por um Autista.


O
contato com animais pode gerar expectativas de troca e representação de regras sociais, quando utilizados em terapias (WILSON & TURNER, 1998).

A interação com o cavalo, desde o primeiro contato e cuidados preliminares até a montaria, também desenvolve novas formas de comunicação, socialização, autoconfiança e auto estima (FREIRE, 2003).
Em trabalhos com crianças psicóticas o pônei é utilizado para entrar em "contato".

Este facilita a entrada em "nosso" mundo abrindo um canal para a comunicação "social" (RAPENE, 1998). 


O Autista pode olhar, tocar e este “objeto” não é estático. Este conhecimento gera comparações entre as partes do corpo do cavalo e da própria criança, além de suas utilidades e possibilidades. O cavalo não é um predador e suas reações de alerta servem como defesa contra agressores assegurando sua proteção. 

A criança começa a perceber as reações do pônei e sente-se encorajada a aproximar-se.

O objetivo desse estudo é ilustrar o processo de percepção da criança com relação ao cavalo e aproximação com o mesmo, relacionamento com a equipe, superação de medos e aquisição de confiança e como, através desta aproximação podemos obter ganhos em nível terapêutico.


Metodologia

Esse trabalho caracteriza-se como um estudo de caso de validação clínica com uma abordagem qualitativa no qual o sujeito foi uma criança com Transtorno Autista, classificada segundo o DSM IV, de 3 anos.


Para os atendimentos equoterápico utilizamos um mini-pônei, encilhado com sela australiana tamanho infantil, cabeçada e cabresto.

Este animal possuí características que facilitam o trabalho de aproximação, tais como: altura, tornando-se menos ameaçador; docilidade; facilidade para condução em diversos locais, muitas vezes inacessíveis a cavalos de grande porte.

Para o registro das sessões adotamos as fichas diárias padrão do PROEQUO-
UCDB, registro contínuo, tabela de observação de comportamento do Autista em Equoterapia (ECCA,1999), fotografias e entrevistas com familiares. O local dos atendimentos foi o Instituto Os atendimentos foram realizados com dois acadêmicos estagiários do curso de Psicologia, Psicóloga e Instrutora de Equitação, Fisioterapeuta, e Terapeuta Ocupacional.


As sessões aconteceram durante dois semestres letivos, em sessões semanais de trinta minutos. E os dados colhidos através de observação, registro contínuo e fotos.

Os atendimentos objetivaram a aceitação do cavalo pelo paciente, utilizando o espaço existente no PROEQUO-UCDB, permitindo assim a aceitação do mesmo aos membros da equipe de atendimento e exploração do local, onde a natureza é abundante.

Contamos no local com trilhas, vários tipos de piso (areia, grama, água) e picadeiro para trabalho.


Resultados e discussão 

A seguir faremos um relato resumido sobre algumas sessões:


Durante as primeiras sessões não aceitava o contato com a equipe, ficando somente com a mãe.


Os terapeutas buscaram o contato com a criança inicialmente utilizando os recursos naturais existentes no local (lago, árvores, sons de pássaros, texturas de materiais encontrados na natureza), sempre buscando despertar seu interesse e atenção. Após este período o sujeito conseguiu ficar só com os terapeutas.

Depois do contato inicial (aproximadamente três semanas) o cavalo entrou nesta relação, as brincadeiras realizadas sempre contavam com a presença do pônei, C. o ignorava e todas as tentativas de aproximação eram refutadas com choros e gritos. 

Nesta situação era comum C. sair correndo e dar pequenas paradas olhando para trás, talvez para que o seguíssemos para longe do animal.

A escolha do mini pônei deve-se a seu pequeno porte e docilidade que facilitam tanto o seu manejo e companhia durante os atendimentos quanto a expectativa da redução do temor da criança, pois este tem acesso a um animal menor nesta fase inicial.

Em alguns momentos começamos a perceber que C. parava e observava algumas reações do cavalo. A partir daí vimos relatos de sua fala tais como: “Oi Renatinho” (nome do pônei).

Todas nossas tentativas de colocar C. no cavalo foram frustradas, pois ele somente se aproximava deste quando queria.


Percebemos que com o decorrer das sessões C. tornou-se mais curioso com relação ao animal e explorava o ambiente que chamava atenção de Pônei. 

Quando o cavalo começava a pastar ele arrancava grama ao seu lado e dava ao terapeuta e indicava segurando a mão do mesmo para dar ao animal.
Quando caminhava na mata ao lado de “Renatinho” percebia as reações de alerta do animal parava de andar e olhava ao redor demonstrando que estava percebendo o ambiente.

Começou durante o trabalho a explorar a sela observando suas partes e dando tapas no assento da mesma.


A primeira vez que montou, parou em frente ao cavalo e tocou a cara do mesmo com uma das mãos. Em seguida parou do seu lado e fez o mesmo com a sela, depois a segurou e gesticulou como se fosse montar. O colocamos sobre o cavalo e ele deu algumas voltas montado, tentou descer e o ajudamos, deu “tchau” pela primeira vez à equipe e foi embora.

Durante a montaria cantou.


A partir daí se mesclam sessões em que C. chega correndo para ver os cavalos que ficam amarrados, brinca com eles, mas não monta e outras que pede através de gestos para montar e ficando sobre o cavalo por um breve período de tempo.

Ao final do segundo semestre de trabalho C. já aceitava os cavalos grandes e começava a dar sinais de descontração, explorando as partes do animal enquanto montava e chamando a atenção da equipe através de “tapinhas” e gargalhadas.


A mãe de C. relata que ele está verbalizando mais e observando mais situações e objetos.

Conclusões

Nossas conclusões demonstram que o contato com a equipe de atendimento e o cavalo, gera ganhos mesmo quando a montaria não ocorre de forma efetiva. O cavalo torna- se atraente para o autista estimulando seu contato visual e expressão corporal, mais uma vez apresentando-se como facilitador na relação social destas crianças.


Estas evidências corroboram com a literatura onde Roberts (2002), cita que a equitação além de estimular o desenvolvimento do ser humano como um todo tem seus benefícios aumentados através da estimulação do ambiente; por meio do ruído causado pelas folhas das árvores, a sensação do vento no rosto e a experimentação de uma diversidade de odores.

No trabalho com Autistas é importante a percepção por parte da equipe de qual o momento o paciente está vivendo em relação ao cavalo para que sua aproximação ocorra, pois o fato de perceber e aceitar o animal pressupõe uma curiosidade e contato com a realidade vivenciada naquele momento.

Através da utilização do Pônei percebemos que se aproximar do animal torna-se menos ameaçador devido ao seu pequeno porte. A criança pode tocá-lo com maior facilidade, explorar suas partes e interagir com o animal percebendo de perto suas reações.

Também o trabalho de descoberta torna-se mais seguro, pois o terapeuta pode usufruir uma liberdade maior ao cuidar da criança.


Tanto no cavalo como no pônei foi fundamental a percepção do momento que a criança estava vivendo para tentar aproximá-lo do animal.

Durante os semestres em que fizemos a aproximação todos os relatos dos familiares vinham de encontro a nossas conclusões durante o trabalho, pois fora do ambiente da Equoterapia ele começou a observar o mundo ao seu redor, modular mais gestos com intenção de comunicação e seu comportamento permitiu uma maior aproximação e contato com as pessoas.

Concluímos que o Pônei facilitou a aproximação de nosso paciente também com relação ao seu aspecto lúdico possibilitando que este “brincar” fosse mais tarde transferido para o cavalo.

Os resultados vêm de encontro à teoria onde a criança apresentou percepção do outro, jogo social, mímica, postura corporal ou gestos para iniciar ou modular a interação, percepção em relação ao mundo externo, percepção, exploração e relacionamento com animal, iniciativa própria que são pontos importantes segundo Freire (1999).


Este estudo não visa generalizações, mas demonstra que o trabalho envolvendo animais é de extrema importância e seus resultados válidos quando aplicados às crianças Autistas. Em nosso caso facilitou a montaria e o aspecto cognitivo e afetivo social.

Referências

CONGRESSO BRASILEIRO DE EQUOTERAPIA, 1, 1999, Brasília. Anais... Brasília: Ande
Brasil, 1999.
FINE, A. Handbook on Animal – Assisted Therapy: Theoretical Foundatios and Guidelines
for Practice. San Diego: Academic Press, 2000.
FREIRE, H. B. G. O Pônei como Recurso Facilitador no Trabalho de Equoterapia, 2004.
Anais... I CONGRESSO IBERO AMERICANO DE EQUOTERAPIA, III CONGRESSO
BRASILEIRO DE EQUOTERAPIA. Salvador – Bahia, 2004
FREIRE, H. B. G. Case Study: Therapeutic Riding and a child with atypical autistic condition.
Anais... XI INTERNATIONAL CONGRESS: The Complex Influence of Therapeutic Horse
Riding
FREIRE, H. B. G. G. O. Equoterapia teoria e técnica: uma experiência com crianças
autistas.São Paulo: Vetor, 1999.
GAVARINI, G. Aspectos Teóricos da Reabilitação Eqüestre. In: Wilsom de Moura (Coord.).
Coletânea de Artigos Traduzidos pela Equipe do Princípio Programa de Equoterapia do
Pará. Pará, 1997.
RAPENE, M. P. La metamorfose de l’enfant psychotique. Avec l’aide d’um “co-therapeute”:
Lê Pônei...
Attestation Universitarie de Rééducateur Par l’Equitation, Centre
psychothérapique de NANCY, 1998.
ROBERTS, M. Violência não é a resposta: Usando a sabedoria gentil dos cavalos para
enriquecer nossas relações em casa e no trabalho. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.
WILSON, C.C. e TURNER, D.C. Companion Animals in Human Health. London: Sage


Autoria: FREIRE, H. B. G. - freirejb@terra.com.br
POTSCH, R. R.
Instituição: Universidade Católica Dom Bosco – UCDB, Brasil