7 de janeiro de 2010

Óleo na dieta dos Equinos

Muitos proprietários e treinadores ouviram falar ou usam algum óleo vegetal na dieta dos cavalos. A razão mais comentada para esta finalidade é a melhora da pelagem entre outras coisas. Contudo, isso vem mudando rapidamente. Os técnicos da área têm se empenhado em acompanhar o que se chama hoje de nutrição ou suplementação esportiva. A crescente profissionalização do meio contribui para o aprimoramento das dietas, atendendo assim a demanda dos cavalos e proprietários cada vez mais famintos por ranking e premiações. O cavalo é um animal com um sistema digestivo muito peculiar e sensível, sendo que a competição extrema faz com que sejam levados ao limite do organismo. Esta sensibilidade digestiva está muito ligada ao volume de ração ofertado e a alta concentração de carboidratos, isto é, uma quantidade muito grande de concentrado na forma de grãos e farelos para aumentar a capacidade energética. O óleo possui mais de 2 vezes a energia contida nos grãos, ou seja, uma ótima opção de suplementação quando o assunto é necessidade de energia e sem problemas de digestão. Existe pouca alteração na quantidade de calorias entre os óleos. Contudo, existe diferença no perfil de ácidos graxos de cada óleo e quanto a outros nutrientes interessantes que são extraídos no processo de refino.A quantidade maior ou menor de um certo ácido graxo na composição de um óleo qualquer, pode determinar se o seu cavalo mudará da água para o vinho ou o inverso. São muito difundidas as propriedades dos ácidos graxos monoinsaturados e poliinsaturados e execradas as propriedades dos ácidos graxos saturados. Um óleo rico em monoinsaturados, como óleo de oliva, tem seu preço por volta de R$25,00 o litro. Já o sebo bovino rico em ácidos graxos saturados, custa em torno de R$0,80 o litro. Para cavalos atletas que valem muito dinheiro, saber escolher qual o perfil de óleo a ser utilizado na dieta pode ser uma pequena, porém, providencial colaboração para a vitória. Outra grande diferença está entre utilizar um óleo refinado ou semi-refinado. Aqueles que se encontra nas prateleiras dos supermercados são os refinados, ideais para cozinhar e fritar. No óleo bruto se encontram várias substâncias como vitaminas lipossolúveis, lecitina, pigmentos, fitoesteróis e enzimas. Porém, nesta fase o óleo se deteriora rapidamente aumentando acidez e o ranço, por isso é inútil usar óleo bruto. No processo de refino são retiradas quase todas estas substâncias e depois vendidas em separado como suplementos. Outro produto deste processo são os farelos que podem ser desengordurados, como o farelo de soja ou os farelos “gordos”, pouco palatáveis e com ingestão limitada. Por esta razão, um óleo refinado de soja ou de milho custa muito barato, não há nada mais além de energia. Já o óleo semi-refinado não é indicado para frituras, mas preserva os nutrientes interessantes para o organismo através de processo de alta tecnologia, sem problemas de acidez ou ranço. No processo de semi-refino é retirada a lecitina e a acidez, mantendo vitaminas e fitoesteróis como o gama-orizanol, encontrado em grande concentração no óleo extraído do farelo do arroz. O gama-orizanol é uma substância com propriedades anabolizantes que aumentam a massa muscular e antioxidantes que protegem as células durante o esforço físico. Perceba que agora você já compreende as diferenças na composição dos óleos quanto aos ácidos graxos e as diferenças entre refinado e semi-refinado. A suplementação com óleo pode variar na sua quantidade de acordo com o peso do animal e a intensidade do treinamento. Para a comunidade científica o ideal está em torno de 15% da necessidade diária de energia que pode ser ofertada na forma de óleo. Para melhor esclarecer vamos aos extremos dos exportes eqüestres com o esquema abaixo: Evento de baixa intensidade e longa duração (enduro de 120Km), recomendação: 350ml a 400ml ao dia. Evento de alta intensidade e curta duração (penca de 700m), recomendação: 200ml a 250ml ao dia. No Brasil existem muitas opções de suplementos para cavalos e o número de lançamentos cresce junto com o mercado. Muitos nomes performáticos, quase todos com os mesmos apelos e os mesmos ingredientes que os compõem. Os proprietários e treinadores brasileiros não compram mais qualquer produto, confrontam apelos de venda com os ingredientes. Já existe uma preocupação em aumentar a vida esportiva dos cavalos e os “coquetéis” endovenosos de resultado fácil são banidos pouco a pouco à medida que o esporte evolui e os profissionais se tornam mais responsáveis. O óleo é um produto simples e ao mesmo tempo rico por natureza, que pode trazer muitos benefícios para a performance e para a saúde dos cavalos se bem escolhido e usado com critério.
Dr. Ricardo Lougon ÁvilaVeterinário11-96592272