29 de outubro de 2009

O Emprego das Ajudas

“Se o cavalo está feliz, tudo estará bem, no entanto se ele estiver constrangido, tudo dará errado.E no caso que seja necessário usar a força, então alguém entra no domínio que não mais corresponde aarte eqüestre, nem tão pouco, no círculo em que pessoas civilizadas habitam”.

A palavra “ajuda” deriva do verbo ajudar, prestar auxílio.Em francês a palavra é “Les aids”, em alemão “de hilfen”, em holandês “de hupen”. Xenophonte usoua palavra com um sentido mais amplo que significava, “indicar”. Como é preciso enfatizar o fato de que a idéia de ajudar um cavalo, permeia toda a literatura sobre equitação, farei uma breve análise da história eqüestre.Quando o homem completou a transição de comer o cavalo para usá-lo em benefício próprio, era de se esperar que no começo houvesse um sentimento de medo de ambos os lados. O homem temia o cavalo, porque ele era grande e imprevisível, o cavalo temia o homem, porque ele o machucava e tentava constrangê-lo. Quando o homem tentou utilizar o cavalo pela primeira vez, alguém mais paciente descobriu que o cavalo não é um animal agressivo, mas que pode se tornar quando constrangido e tratado de uma maneira cruel. Talvez esta descoberta inicial, tenha dado origem a psicologia no trato com o animal. No tempo de Xenophonte (380), muito progresso foi obtido na relação entre o homem e o cavalo,modificando do antagonismo para a cooperação, Xenophonte escreveu que: “Ninguém deve jamais perdera sua serenidade e maltratar o cavalo; este é o primeiro e melhor preceito e costume ao se lidar com cavalo.... Aqueles que compelem o seu cavalo com pancadas, fazem do mesmo mais assustado do que nunca”.Freqüentes lapsos foram cometidos, e ainda o são em nossos dias. FREDERICO GRISONE no seu GLIORDINE DI CAVALGARE (1550), não esquecia de recompensar e podia ser muito gentil com o cavalo. Entretanto, por causa de sua crença de que existem cavalos pervertidos, ele também podia tornar-se muito cruel: ele advogava a causa de bater nas orelhas do cavalo, bem como, deixar um gato amarrado pelas costas a uma vara, rastejar por entre a barriga e os posteriores do cavalo. Quando um cavalo negava-se a mover-se para frente, GRISONE segurava uma tocha de palha em chamas da cola do mesmo. Em nossos dias ainda existem aqueles que consideram o cavalo como um oponente. Estes sustentam que se o cavalo não oferece uma luta, o cavaleiro deve provocar uma, para que o cavalo saiba quem manda. No entanto o que eles não se dão conta, é que se o cavalo vencer esta luta, eles terão perdido o mesmo, e que se eles ganharem, conseguirão apenas mecanizar um cavalo covarde e sem brilho. Sob esta linha de opção, nós devemos aprender alguma coisa. De Pluvinel, escreveu: “... você têm que ter bastante cuidado em não enfadá-lo e apagar a sua gentileza, porque, os cavalos, assim como a fruta viçosa, uma vez perdido o momento de colhê-la, estará perdida para sempre, e uma vez perdida a gentileza, ninguém poderá mais resgatá-la”.Continuando De Pluvinel, ele dizia que quando alguém não tem consideração por seu cavalo, perderá não tão somente a sua gentileza, bem como o fará incorrigivelmente pervertido.De Pluvinel não foi o único a entender, na falta de sentido em travar uma batalha com o cavalo. Bem antes dele, Abou Bekr, mestre do Cavalo do sultão Nasser do Egito, pelo ano de 1300 escreveu: “Que o adestramento baseado na gentileza e psicologia deve visar um desenvolvimento das qualidades úteis, fazendo uso das qualidades que o cavalo traz consigo ao nascer”.

No mesmo livro ele escreveu: “Eu sustento a idéia de que haverá transtorno, resultante em uma garupa rígida, uma boca endurecida e medo, e mais cedo ou tarde ele se tornará rebelde, se alguém tentar colocar sua cabeça e o pescoço na posição correta, antes que o cavalo aprenda à fazer uma curva naturalmente”. Quando se pesquisa a história da equitação, duas coisas tornam-se claras. A primeira é que muito progresso foi obtido na atitude do homem para com o cavalo e que existe mais cooperação do que antagonismo. Além do que, as técnicas de se demonstrar ao cavalo claramente o que a gente deseja dele, têm se tornado consideravelmente refinadas. Por outro lado, é evidente que seja por causa da mentalidade de algumas pessoas, ou pela falta de conhecimento de como se lidar com cavalos, que muitas práticas agressivas, como as que foram mencionadas acima, ainda continuam a serem executadas. Após este breve histórico, vamos retornar ao nosso objetivo, as ajudas.Quando observamos um grupo de cavaleiros cavalgando, fica muito claro, que os erros mais graves são cometidos com as mãos. A principal razão para esta justificativa, são as reações naturais. Todo mundo irá dizer para você, que é preciso manter um contato leve e elástico, e que você nunca deve puxar. Mas, praticamente ninguém mantém um contato elástico, e a maioria das pessoas puxam. Fico consternado em constatar que muitos cavaleiros, ficam com os cotovelos retesados, e com as mãos parcialmente sobre o pescoço do cavalo, tornando impossível para o mesmo, que se mova francamente e sem constrangimento. (Especialmente no começo de uma lição, você têm que dar ao cavalo espaço bastante para que ele se mova sem constrangimentos). Estou convencido de que praticamente todos os problemas com a cabeça do cavalo, são causados por mãos inaptas. É muito difícil dizer, quando o resistir torna-se atuar com as mãos. Por esta razão, você têm que entender as funções dos músculos do braço. Em livros escritos durante os bons tempos da equitação Militar, as mãos devem estar à uma certa altura e os cotovelos estar rigidamente ajustados contra o corpo. Antes da 1º Guerra Mundial, a instrução era praticamente dada em cavalos “escola”, que carregavam a si próprios. Nestas circunstâncias, um leve mover dos dedos e um pequeno movimento dos punhos, era tudo que era preciso para guiar o cavalo. Mas estes cavalos não são mais encontrados para a instrução em nossos dias. É muito importante, que ocavaleiro não constranja o cavalo; em outras palavras; que ele não impeça o movimento para frente do cavalo. Por este motivo, sentado na posição correta e funcional, o cavaleiro deve seguir ao passo acompanhando o movimento da cabeça do cavalo. Ele deve ceder as suas mãos ao cavalo, mantendo um contato de pluma com a boca do mesmo. Desta maneira, o cavaleiro obterá o sentimento do ritmo do cavalo. As mãos devem estar em linha, que incluem: os cotovelos, antebraços, mãos, rédeas e a boca do cavalo. Se as mãos vêem abaixo desta linha, a cabeça irá para cima. O punho deve estar retesado e não pode quebrar. Apenas cavalos bem adestrados, que aprendem a carregarem a si próprios, podem ser conduzidos com o punho e os dedos. Quando o cavaleiro quer refrear o cavalo, ele deve tornar mais difícil para o mesmo, em trazer a sua cabeça para frente, reforçando o contato elástico, sem usar o bíceps; o que eu chamo de “colocar o freio na mão”. Se o cavaleiro usa o bíceps, ele tranca a junta do cotovelo, tornando impossível a elasticidade, e o resultado é que as mãos não são mais capazes de ceder. Além do que, o cavaleiro nunca deve usar os músculos de seus antebraços. Isto é muito importante para que se evitem as mãos que dançam no trote. As mãos têm que estar estáveis, movendo-se apenas pelo movimento do cavalo, e não pelo movimento do corpo do cavaleiro. Quando os músculos dos antebraços estão contraídos, torna-se impossível estabilizar as mãos. (Lembre o que os antebraços fazem quando você tenta estabilizar uma vara sob o seu dedo indicador). Se o cavaleiro não puder usar os músculos de seu antebraço, nem o seu bíceps, o que ele deve fazer para refrear o cavalo, colocando mais peso nas rédeas? A resposta é que ele deve usar o seu abdômen,músculos das costas, o tríceps e o peitoral maior, músculos que são utilizados quando a gente expande as costelas na caixa toráxica, durante inspiração profunda. É evidente que alguém só pode fazer isso, com um assento independente e estável.

Houve um tempo em que era dito, que o cavaleiro deveria utilizar as suas costas para cavalgar corretamente, de maneira que pudesse influenciar o cavalo da maneira mais eficiente possível.
Isto causou muito mal intendido. As pessoas pensavam que isto significaria que o cavaleiro deveria inclinar as suas costas para trás, de forma a conseguir um assento mais profundo na sela, e que o cavaleiro teria que tornar a si próprio pesado. Estas são presunções desastrosas. Como alguém pode esperar que o cavalo funcione bem, se o cavaleiro senta muito pesadamente e não alinha o seu centro de gravidade com o do cavalo? Quanto menos, nós nos tornarmos um fardo para o cavalo, melhor ele poderá nos servir. Cavalgar com as costas, significa usar os músculos abdominais, e desse modo esticando a coluna, que se cria a impulsão, e ao se utilizar a combinação dos músculos das costas com o tríceps, pode-se aumentar ou diminuir o peso sob as rédeas. Examinando-se as reações naturais, eu tenho um ponto de vista sobre as possibilidades adversas. Quando, ao se executar uma volta, o cavaleiro puxa (tensiona) a rédea interior, ou em outras palavras, quando usa a Rédea Direta de oposição. Este exemplo, foi a razão pragmática para nunca se usar esta rédea. Ao se adestrar cavalos, você deverá ser bem consciente do fato de que a quase totalidade dos cavalos ao serem cavalgados (montados) tentam não utilizar as suas garupas. Existem várias teorias que tentam explicar este fato. É de minha convicção que este enrigecimento (endurecimento) é produzido pelo homem. A maioria dos cavalos e especialmente os do Oeste (Western), são encilhados e cavalgados (montados) enquanto ainda são muito novos. Muito freqüentemente cavalos novos são retirados da cocheira (baia), têm uma sela pesada jogada em seu costado e então alguém o monta, com a única preocupação de manter-se em cima do mesmo. Não existe dúvida em minha mente, de que este fato é uma experiência traumática para o cavalo, é também bastante óbvio de que a pressão e o peso são doloridos, porque nenhum músculo na extensão da coluna foi trabalhado para receber tão repentina carga. Para livrar-se desta dor o cavalo retesa os músculos e o resultado é uma garupa rígida. Em estado selvagem, ou nas pastagens, você irá constatar cavalos movendo-se com corpo totalmente descontraído. Por este motivo, antes de colocar qualquer peso sobre o costado de um cavalo, primeiro os músculos desta região devem ser desenvolvidos por exercícios de ginástica, para poderem fazer frente a um fardo em suas costas. A maneira simples de se fazer isto é adestrar o cavalo. (sobre o qual falaremos mais tarde). então após uns poucos meses, deixar gradualmente o cavalo acostumar-se a ter um peso em seu costado, colocando-se uma sela nele. e baixar os estribos. Após algumas semanas, uma pessoa poderá pendurar-se na sela, e após alguns dias mais, passar a sua perna direita, sobre a mesma, e para o outro lado, acomodando-se de maneira que possa ficar o mais leve possível. Se após tudo isto, o cavalo permanecer com a sua garupa endurecida enquanto é montado, você deverá repetir os exercícios descritos acima. É muito importante que cavalos novos aprendam a fazer corretamente as mudanças de direção, porque esta é a maneira de ensiná-los a utilizar a garupa; um cavaleiro inexperiente pode causar muitos males ao cavalo ao utilizar inadequadamente as mãos durante as voltas. A maneira de ensinar-se um cavalo na iniciação a mudar de direção, é usando a rédea de abertura. O braço interno têm que estar o mais esticado possível para o interior, e as unhas dos dedos têm que estar com a face para cima, para que não haja pressão para baixo do bridão nas barras da boca do cavalo. No começo a mão de fora, deverá ser totalmente passiva. A ação da mão interna traz a cabeça do cavalo para o interior, enquanto a perna do interior, com a ponta do pé para cima, de forma que o músculo da barriga da perna, tensionado, pressiona um pouco atrás da barrigueira, de modo a ativar os posteriores do interior. Tão logo o cavalo tenha entendido que ele tem que executar uma curva, a Mão de fora, um pouco mais alta do que a do interior, avança a rédea de fora contra o pescoço, mas nunca sobre o mesmo. Quando a Mão de fora vai sobre o pescoço, ele puxará a cabeça para fora. Esta rédea de fora, têm que estar retesada o bastante para que possa funcionar mais ou menos como uma vara. Desta forma o cavalo aprende a mover as espáduas para dentro com a pressão da rédea de fora, a rédea indireta.

Quando o cavalo não precisa mais da ajuda da rédea de abertura, então chegou o momento de ensinálo a maneira correta de se fazer uma mudança de direção; atrasando a perna interna do cavaleiro e por uma leve flexão da cabeça do cavalo, causada por uma suave vibração da mão interna, o cavaleiro só consegue vislumbrar o olho do cavalo (Pli) que está para o interior do círculo. Uma maneira de saber se o cavalo entendeu o significado da rédea indireta é volver a direita, usando-se a rédea de abertura direita, então volver a esquerda com esta mesma rédea, agora com a rédea indireta contra o pescoço.A rédea interna agora têm que ser utilizada para fazer o cavalo flexionar o pescoço, de forma que o cavaleiro possa vislumbrar o olho do cavalo que está para o interior. consequentemente, o cavalo estará olhando na direção em que está indo, e então irá ceder a mão do cavaleiro, flexionando a cabeça e deixando ir para o interior a sua boca. A rédea do interior deve estar retesada o bastante para que a vibração da mão do cavaleiro, possa ter efeito na boca do cavalo. Algumas vezes, uma gentil rotação de mão para cima é bastante para se conseguir a flexão. A mão do cavaleiro deve estar próxima a cernelha, para prevenir que a cabeça venha para o interior.Para sustentar o cavalo com a rédea de fora, pressionar a mesma contra o pescoço. Ao se pedir uma mudança de direção, usar a rédea interna apenas para vislumbrar o olho do cavalo, o cavaleiro não impedirá o posterior interno de executar uma passada larga, a qual ele faria se estivesse puxando a rédea.O objetivo é fazer o cavalo executar uma passada larga com o seu posterior interno, porque este esforço é uma ginástica que irá desenvolver os músculos da garupa. Mais tarde iremos discutir como as pernas do cavaleiro devem fazer durante uma mudança de direção.A volta para a esquerda é geralmente mais difícil. É causado pelo fato de que quase todos os cavalos têm uma natural inflexão para o lado direito, o que ocasiona que a cabeça seja carregada levemente para a direita. O resultado disto, é que o cavalo toma a rédea esquerda e não aceita a rédea direita. Existem inúmeras explicações para este fenômeno. Penso que a explicação mais lógica é que não existe nada na natureza totalmente simétrico. O ser humano pode ser destro ou canhoto; alguns cavalos tomam a rédea direita, a maioria toma a esquerda. O resultado deste tomar (conduzir, acompanhar, pegar, apanhar, agarrar) é que, em uma volta o cavalo poderá encurtar a passada do posterior interno caindo sobre a espádua esquerda. Isto deixa claro como é importante que o cavalo execute uma volta correta, dessa maneira ele estará hábil a ginasticar os músculos da garupa. D’Auvergne (1729-98) escreveu: “Este é o problema que nunca têm fim para todo cavaleiro com todo cavalo, em fazê-lo ir igualmente com ambas as rédeas”. O que nós pedimos ao cavalo, é tão difícil quanto, se nos pedissem para usarmos nossas mãos direita e esquerda da mesma maneira. Existe uma diferença entre o método e o objetivo. “Idealisticamente as ações das pernas e das mãos devem ser tão discretas que o olho não conseguisse captá-las”. (L’HOTTE). Antes que alcancemos este objetivo, nós teremos que manipular (manejar); isto é, executaremos as ajudas com as mãos de forma visível. Este é o método. Entretanto, deveremos sempre manter na mente que quanto menos nós manejarmos melhor, já que a boca do cavalo é muito sensível, nós deveremos tentar não machucá-la. Bocas duras e insensíveis, são produzidas pelo homem.Na andadura passo, o cavalo executa um movimento lado a lado, semelhante ao de uma cobra, se este movimento é permitido ir através das rédeas para as mãos, elas farão um movimento de serrote, alternando a esquerda e a direita. Muitos cavalos se saem melhor quando o cavaleiro segura as rédeas com uma mão. Por esta razão, quando cavalgar com ambas as mãos, o cavaleiro deve mantê-las imóveis e tão próximas, que o cavalo tenha a impressão de que apenas uma das mãos segura as rédeas. A melhor maneira de se adquirir isto, é colocando as unhas e as articulações dos dedos juntas.Você tem que considerar o que acontece quando o cavaleiro executa estes movimentos de serrote, estando o cavalo usando um bocado com barbela. É fácil de entender que bocados que não são articulados (freio), fazem mais movimento na boca do cavalo do que o bridão, quando o cavaleiro tem mãos de serrote. Por esta razão, é considerado mal hábito segurar as rédeas de um bocado não articulado (freio) com as duas mãos. Como poderá o cavaleiro esperar que o cavalo tenha confiança em suas mãos, quando este pedaço de metal sólido está constantemente movendo em sua boca?
É um tipo de preguiça mental, no homem moderno pensar que porque é fácil, não existe nada de errado quando alguém puxa as rédeas, à direita e à esquerda o tempo todo. Um exemplo mencionado previamente, é a ação de guiar uma bicicleta quando se faz curvas. Quando o homem cavalgou pela primeira vez, ele tinha as rédeas em uma das mãos, pela simples razão de que ele só tinha uma única mão disponível, com a outra, ele carregava sua arma, seja para caçar ou para combater. Por exemplo, os Hunos atacavam sem rédeas em sua mãos. Eles chegavam até o inimigo em ondas, atirando uma flecha quando estavam próximos o bastante; então volviam e durante a execução desta volta, eles atiravam a segunda flecha; enquanto galopavam em retirada para dar vez a próxima onda, eles atiravam a terceira flecha. Em nossos dias o “cowboy” monta o touro com apenas uma mão. Os cavaleiros da Escola de equitação Espanhola e alguns poucos classistas cavalgam com o freio e bridão, ficando as duas rédeas do freio na mão esquerda juntamente com a rédea esquerda do bridão, e a rédea direita do bridão fica sozinha na mão direita. Na posição básica, com as mãos niveladas, os dedos formam um ângulo de 45 graus para que as costas das mãos lembrem um detalhe inclinado (oblíquo), e o cavaleiro manuseia as rédeas enquanto elas formam uma só linha: cotovelos, punhos, boca. Quando solicita uma volta, a mão de fora eleva-se um pouco, de forma que a rédea pressione contra o pescoço do cavalo. Nas transições para diminuir a andadura, um auxilio sempre útil é virar as unhas de uma mão para cima, e algumas vezes ainda a mão toda. A razão para isto, é que o bridão, sendo um bocado articulado, irá agir como um quebra-nozes quando o cavaleiro resistir com as mãos niveladas, o que fará com que a boca do cavalo seja beliscada. Este aperto, é claro, produz dor no cavalo e ele irá reagir a maioria das vezes, atirando a sua cabeça para cima ou então lutando contra a mão do cavaleiro.Agora, eu irei focalizar a minha atenção nas ajudas que criam a impulsão; o assento e as pernas; os quais algumas vezes, também podem funcionar como ajudas guias. Nós já vimos a razão da posiçãocorreta para podermos aplicar as ajudas.É evidente que o movimento de extensão da espinha só pode ser feito pelos músculos abdominais e lombares (costas), o que deixa claro, que o cavaleiro não deve apenas se utilizar destes músculos para guiar o cavalo, mas também para criar a impulsão. Quando é necessário, o movimento do assento pode ser intensificado apertando-se as barrigas das pernas. Quando as pontas dos dedos dos pés estão para cima, os músculos da panturrilha agem mais fortemente, e muita pressão pode ser aplicada. Sobre a influência de CAPRILLI, o slogan surgiu “TALLONI BASSI”, os calcanhares baixos. A desvantagem de empurrar os calcanhares para baixo é que a parte inferior da perna vai muito para frente. A posição correta da parte inferior da perna é muito importante, ela deverá repousar um pouco atrás da barrigueira. Para o observador, os lóros devem estar perpendiculares. Quando o cavaleiro deseja mover as ancas para o lado de fora, a pressão deve, ser aplicada um pouco mais atrás. O mesmo procedimento deverá ser aplicado, quando o cavaleiro quer prevenir que o cavalo traga suas ancas para dentro ou para fora. No começo nós abordamos a mudança de direção. O fato até então estava centrado nas ações das mãos. Agora nós iremos nos concentrar na função do assento e das pernas enquanto se faz uma volta. Com a mão interna o cavaleiro posiciona a cabeça do cavalo, de forma que ele apenas vislumbre o olho do mesmo voltado para o interior (PLI), e que permita que o cavalo enxergue para onde está indo. Com a rédea de fora o cavaleiro empurra a espádua do cavalo na direção que ele quer ir. Quando o cavaleiro inclina o seu corpo, girando a sua coluna vertebral, na direção do movimento, ele reforça a ação da rédea de fora. Nós já vimos que a pélvis pode ser inclinada para frente e para cima, mas ela também pode girar. Olhar movendo a cabeça não influencia o assento do cavaleiro, mas olhar e volver o quadril e os ombros, influencia o assento e as mãos do cavaleiro. Quando o cavaleiro está sentado corretamente, com o eixo ajustado, para facilitar o uso da rédea de fora, ele previne um pouco que ela venha a ficar muito retesada, e desse modo contendo (segurando) o dorso (lombo, costas). Quando ele for girar a sua pélvis, trazendo seu osso do quadril de fora para frente, a pressão na parte interna do osso no assento aumenta. Esta pressão pode ser reforçada, avançando-se o joelho interno profundamente. É muito importante que ao avançar o joelho para baixo, o calcanhar permaneça na linha: ombros, osso do assento e canhares. O objetivo é dobrar o cavalo em volta da perna interna, o qual seria impossível se a parte inferior da perna estiver muito para trás. Este é um erro comum durante a execução de espádua a dentro, porque ele empurra as ancas para fora e traz o cavalo para dentro na posição de ceder a perna, a qual será abordada mais tarde em alguns detalhes.

Para reforçar a pressão da panturrilha o cavaleiro pode usar esporas. As esporas devem estar ajustadas ás botas de maneira que não seja necessário puxar os calcanhares para cima quando necessitarmos usálas. Nós já explicamos o porque dos calcanhares não deverem nunca ser puxados para cima. Se um cavalo é preguiçoso, pode ser apropriado o uso de esporas. A aplicação deve ser como um ataque por ferroada, sem tirar o calcanhar da posição. Um ataque vivo, rápido e vigoroso é melhor do que uma repetição de ataques brandos. Um autor francês contemporâneo escreveu “As esporas devem ser afiadas como adagas, para que depois de uma aplicação o cavalo saiba que tem que repeitá-las”. Eu não vou me estender com esse método mas é alguma coisa para se pensar bem, quando nós vemos tantos cavaleiros constantemente aguilhoando suas esporas na barriga do cavalo, enquanto o mesmo dá pouca importância ao fato, ficando totalmente apático ao uso das mesmas. O propósito da espora é acordar o cavalo e enfatizar a ação da panturrilha da perna. O pingalim deve ser usado com cavalos totalmente inexperientes, que ainda não entendem nada. Uma pequena batida de leve na espádua, acompanhada de um comando encorajador de voz, fará o cavalo mover-se para frente. Gradualmente, isto, terá que ser acompanhado pelo cavaleiro, estendendo a sua coluna e aproximando as suas panturrilhas das pernas. Geralmente a extensão da coluna do cavaleiro irá aumentar a tonicidade dos músculos da barriga da perna, até um pouco satisfatório, devemos no entanto ter o cuidado de não pressionar constantemente a barriga da perna, porque alguns cavalos ficarão apertando a si mesmos contra as pernas que funcionarão como um vício. No adestramento avançado, o cavaleiro deve usar um comumente chamado chicote de adestramento, rígido e de 1,20m de extensão. Ele deve ser usado atrás da panturrilha da perna como um substituto para as esporas ou mesmo da panturrilha da perna, em caso do cavalo por alguma razão não reagir prontamente às ajudas da perna. A melhor maneira de se usar o chicote de adestramento, é trazendo a mão que o segura para o interior e então girar o punho. Uma leve batida será o resultado. Mais do que isso geralmente não é necessário, e quase sempre o som obtido contra a bota é suficiente. Você nunca deve esquecer que esta é uma ação estimuladora e encorajadora. Trazendo a mão para dentro e girando o punho, você evita ceder na boca do cavalo, o que é, claramente uma ação contra-produtiva. Isto tem que ser bem entendido, pois o chicote de adestramento é uma ajuda, e não um instrumento de punição. O que quase sempre é chamado de desobediência, é, na verdade, resultado de um mal adestramento; o cavalo não entende ou então não está fisicamente hábil para executar o que o cavaleiro está a lhe exigir para fazer. O cavaleiro tem que entender, que neste caso, as suas esporas, chicotes e todas as diferentes posições de rédeas, na verdade não são ajudas reais. No máximo, elas devem ser consideradas como meios de reforçar e algumas vezes substituir as ajudas, (em uma sela lateral para damas, as senhoritas tinham que conduzir o chicote pelo lado direito, porque ambas as pernas estavam pousadas sobre o lado esquerdo do cavalo). Quando segurar as três rédeas e um freio e bridão, o chicote deve sempre estar sendo conduzido pela mão que segura a rédea isolada. Eu não posso terminar esse capítulo sem mencionar a voz, a qual, é uma ajuda como as outras que nós já abordamos. O artigo 417.4 de adestramento da F.E.I., regulamenta que: “O uso da voz de qualquer forma que ocorra, ou o estalar com a língua, uma vez ou repetidamente, consiste em uma séria falta, que importa em deduzir pelo menos em dois pontos, daquele cavaleiro que venha diferentemente a adotar esta conduta no movimento ocorrido”. Como um resultado desta regra, um competidor suíço de Grand Prix, durante os Jogos Olímpicos de 1932 em Los Angeles, foi desclassificado pela alegação de estalos com a língua, embora ele tivesse um alto escore. Este episódio, marcou evidentemente os entusiastas do adestramento americano, de forma que ninguém atreveu-se a abrir a boca (questionar). Eu me lembro do meu primeiro envolvimento com um Clube Pônei americano na década de 1950, fiquei pasmo, porque ninguém nunca conversava com o seu cavalo. Isto foi, claramente, resultado de uma concepção errônea. Existe uma diferença imensa entre um cavaleiro de clube e um cavaleiro de Grand Prix, e também ocorre uma grande diferença entre um cavalo novo e que ainda não foi adestrado e um cavalo de Alta Escola de Grand Prix. Você nunca deve esquecer que existe uma diferença entre o método e o objetivo. O objetivo, é claro, que a combinação cavalo e cavaleiro executem os mais difíceis movimentos, sem que alguém veja ou ouça como o cavaleiroinfluencia o seu cavalo.
Parte do método para se adquirir esse objetivo é usar a voz.FREDERICO GRISONE dedicou um capítulo para o uso da voz no Gliordini di Cavalcare. E de Pluvinel escreveu: “A voz é a espora da mente”; Uma das grandes vantagens de se usar a voz é que ninguém praticamente pode causar algum dano ao cavalo, o que não pode ser dito sobre as outras ajudas. Todo mundo que faz uso do adestramento sabe como rapidamente o cavalo terá o sentido de diferentes sons. Porque não tomar vantagem desse fato, e no começo do adestramento com a sela, fazer o cavalo avançar ao passo , trote e galope sob o comando da voz ? A voz pode ter um efeito calmante sobre ocavalo. Por esse motivo penso que fora do adestramento na arena, deve existir muita conversa com cavalo. As palavras não são importantes, e sim o tom delas. Minha advertência é: primeiro conversar (falar, comunicar), então sussurrar e finalmente pensar. Dessa maneira ninguém escutará você. Alguém dificilmente pode chamar o estalar de língua como um comando de voz, mas isso encoraja o cavalo. Na Europa Oriental o som produzido pela vibração da língua (ronronar) é o comando para diminuir uma transição. Aprendi isso em Munchem-Riem, onde ouvi Ottokar Pohlman, um prussiano do oriente, fazendo este som. Quando mais tarde, tentei eu mesmo com o meu cavalo da raça Trakehner polonês, que já estava na América por muitos anos, descobri para minha satisfação que ele reconheceu e respondeu ao som. Desde que nós estamos vivendo em uma época na qual os mecanismos e a mecanização reinam supremos, algumas pessoas parecem que esqueceram que o cavalo é uma criatura viva, o qual deve ser respeitado como tal. Existem membros da veterinária profissional que desgraçam isto, esquecendo que a sua principal função deve ser o bem estar do cavalo e não a ambição ou a carteira no bolso do cavaleiro ou proprietário. Nenhum veterinário deve agir como um mecânico de corrida de carros. Se tem problemas de motor, o piloto o traz para o box, os mecânicos fazem o trabalho, empurram o carro de volta à pista e o piloto continua na corrida. Um verdadeiro cavaleiro, conhece o seu cavalo e sabe o que se pode exigir dele. Marit Kretschmar, no seu Pferd und Reiter in Orient (1980) descobriu que pelo menos em dois Épicos Turcos, estava subscrito, que o comando que rompesse uma batalha porque os cavalos estivessem muito cansados para prosseguir, era enaltecida, enquanto o oponente que não agisse da mesma forma não era visto com bons olhos. O segundo épico era o que tivesse perdido o seu filho durante uma caçada, teria o seu cavalo a procura do mesmo durante uma noite, e seus outros filhos cavalgariam três noites para salvar o irmão. A relação ética entre homem e o cavalo foi muito forte entre os turcos. Os tempos mudaram e o homem não é dependente do cavalo, mas isto não significa que nós devemos esquecer as supremas qualidades deste extraordinário ser vivo. O cavalo por natureza é um ser vivo, não agressivo, apenas muito disposto a cooperar, desde que provido apenas por um tratamento gentil e firme. Se você o trata como uma motocicleta, irá ter sérios problemas. Jeannie Boisseau, no Notes sur L’enseignement de Nuno Oliveira (1979) cita uma máxima de Oliveira: “Se o cavalo está feliz, tudo estará bem, no entanto se ele estiver constrangido, tudo dará errado.E no caso que seja necessário usar a força, então alguém entra no domínio que não mais corresponde aarte eqüestre, nem tão pouco, no círculo em que pessoas civilizadas habitam”. Termino este capítulo, exortando os meus leitores a aplicarem as ajudas para auxiliarem o cavalo, não para o colocarem em uma moldura. (Capítulo traduzido do Livro“MISCONCEPTION AND SIMPLE TRUTHS IN DRESSAGE”) .